Jerfeson Alves da Costa é um dos novos professores da rede municipal de ensino de Palmas, aprovado no mais recente concurso da pasta. Graduado e mestre em geografia pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), em Sobral (CE), há menos de um ano assumiu as aulas da disciplina na Escola Municipal Beatriz Rodrigues, localizada na quadra Arno 42 (antiga 405 Norte), em Palmas.
Aos 27 anos, o jovem professor iniciou sua carreira apresentando um projeto piloto que, simultaneamente, levanta dados acerca da realidade do aluno, seu núcleo familiar e sua percepção da cidade em que vive. Também facilita a aprendizagem sobre a Região Norte do país, prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e ainda contribui com o processo avaliativo, ao lado da tradicional prova de conhecimentos. “É uma referência para o que posso melhorar em meu trabalho e uma forma diferente de ensinar e avaliar que instigue a participação do aluno”, explica.
O método consiste na aplicação de um questionário que estimula o aluno do 7º ano a olhar e pensar sobre a Região Norte. Ele se identifica e inicia respondendo questões mais simples, como os estados, as características geofísicas, gentílicos, clima, vegetação e biomas, além de dados da população como raça, índices de mortalidade e natalidade e manifestações culturais, todos passíveis de pesquisa. Também é levantada a percepção dos aspectos econômicos e políticas públicas, com questões que abordam a concepção de cidadania dos estudantes.
O questionário irá revelar dados importantes do público da escola, que no futuro podem contribuir para direcionar ações pedagógicas e sociais. Os estudantes informam se moram em casa própria, sua concepção de acesso à educação, cultura e lazer e sua sensação de pertencimento a Palmas. “Eu não direciono nem influencio nada. Há uma questão chave que parece revelar uma percepção do palmense, quando alunos do 7º ano reconhecem que Palmas não tem indústrias, consideram que seria bom ter pela geração de emprego mas também temem pelo aumento da poluição em uma cidade que já é quente”, afirma o professor.
Jerfesson diz que a iniciativa é inspirada em sua dissertação de mestrado e em seu gosto por diversificar as atividades pedagógicas. Preencher o questionário como se solicitassem um “passaporte do conhecimento”, com participação de professores de outras matérias necessários às respostas, torna a atividade multidisciplinar um atrativo à participação. Compreensão do que está escrito, capacidade de expressão, interpretação de dados e aplicação da matemática são trabalhados em uma única atividade.
A adesão foi grande, com mais de 90% dos alunos do 7º ano levando o questionário para casa, pedindo ajuda para responder e se engajando. Ele pretende externalizar os dados coletados obtidos, que ele considera importantes e capazes de embasar políticas que visem a redução da desigualdade social. Até o final do ano, todos os dados devem estar compilados. “Para mim, ser professor é acreditar no futuro, na capacidade transformadora da educação. É acreditar sempre no amanhã, é ser persistente. Continuar acreditando na educação é o melhor caminho”, finaliza.
Texto: Rogério Franco
Edição: Denis Rocha