
O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) participou, entre na última sexta-feira, 7, e sábado, 8, do 1º Festival do Jatobá, realizado no município de Mateiros, região do Jalapão. O evento foi promovido pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro), em parceria com o projeto ArticulaFito (Cadeias de Valor em Plantas Medicinais), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
O evento reuniu representantes de associações, comunidades tradicionais e instituições parceiras, com o objetivo de fortalecer o agroextrativismo, valorizar a sociobiodiversidade e dar visibilidade ao trabalho das famílias que vivem nas Unidades de Conservação (UCs) e têm no Cerrado sua principal fonte de sustento.
A programação contou com a Oficina de Memórias, Saberes e Políticas para o Fortalecimento da Sociobiodiversidade na Cadeia de Valor do Jatobá, ministrada pelo Projeto ArticulaFito, e Fiocruz; feira de exposição de produtos naturais; e roda de conversa voltada ao compartilhamento de experiências.
A atividade reuniu agroextrativistas e agricultores familiares para resgatar saberes tradicionais, registrar receitas e memórias ligadas ao uso do jatobá, promovendo um espaço de integração e fortalecimento das cadeias produtivas do Cerrado.
Durante a roda de conversa, cada extrativista compartilhou suas vivências, destacando a importância do festival como espaço de aprendizado coletivo e valorização dos produtos do Cerrado. O momento também foi de reconhecimento aos desafios enfrentados pelas comunidades na rotina de produção e na comercialização dos produtos.
A supervisora da APA do Jalapão, Rejane Nunes, ressaltou que o apoio às famílias agroextrativistas é uma das principais agendas do Naturatins e das Unidades de Conservação (UCs) da região. “Desde a criação das UCs no Jalapão, o Naturatins tem trabalhado com as famílias que vivem ao redor do parque, identificando suas atividades e fortalecendo suas práticas. A família do Zé Meninim é um exemplo disso, com mais de 10 anos de trabalho na cadeia do jatobá. Essa é uma das cadeias mais fortes que apoiamos, junto com o buriti e a mangaba, e que têm crescido com o apoio de parceiros. O festival busca valorizar essas comunidades”, explicou.
A engenheira agrônoma da Seagro, Marta Barbosa, reforçou a importância do festival para o fortalecimento das cadeias da sociobiodiversidade. Segundo ela, o trabalho com essas cadeias é resultado de anos de dedicação e fortalecimento das comunidades agroextrativistas. “No estado, atuamos com produtos do Cerrado como a macaúba, a sucupira, o açafrão, o buriti e a mangaba. O maior objetivo sempre foi fortalecer as comunidades, porque são elas que mantêm o Cerrado em pé. O Tocantins reconhece quem são essas mulheres e homens que produzem, geram renda e cuidam do meio ambiente, dentro do tripé da sustentabilidade: ambiental, econômico e social”, afirmou.
Referência no trabalho com o jatobá há mais de 20 anos, o extrativista José Batista dos Santos, conhecido como Zé Meninim, morador de Mateiros, contou que começou de forma simples, sem formação técnica, mas com o apoio de instituições como o Naturatins, a Onça d’Água e a Seagro. “Eu produzo entre 180 e 300 quilos de farinha por ano e comercializo para empresas e escolas, inclusive para a merenda escolar. O jatobá é uma peça-chave na minha vida. O festival é um sonho realizado e uma honra para nós, porque mostra o valor do nosso trabalho e o apoio das instituições e da comunidade”, ressaltou.
A diretora da ACAPPM de Mateiros, Fátima Alves, também destacou a importância do evento como um marco para o fortalecimento das associações locais e para a valorização das mulheres agroextrativistas da região. “O Festival foi muito enriquecedor. Nos proporcionou aprendizado, troca de experiências e reconhecimento ao esforço de cada comunidade. É uma troca que nos fortalece e nos motiva a continuar cuidando do Cerrado e mantendo viva essa cultura”, afirmou.
Jatobá
Símbolo de resistência e abundância do Cerrado, o jatobá é uma árvore nativa amplamente presente em Mateiros, valorizada por seu uso alimentar, medicinal e cultural. Seus frutos nutritivos dão origem a farinhas, bolos, doces, bebidas naturais e produtos artesanais, além de servirem como base para remédios e cosméticos.
A safra do jatobá, que ocorre entre julho e outubro, marca o período em que os frutos amadurecem e são coletados pelas comunidades para o beneficiamento, antes do início das chuvas e do novo ciclo de florescimento.
Presenças
Participaram do evento a Associação das Mulheres Extrativistas de Ponte Alta; agroextrativistas de Dianópolis; Comunidades Quilombolas do Prata e de São Félix do Tocantins; Associação de Agroextrativistas de Mateiros (ACAPPM); Associação de Mulheres Agroextrativistas (AMA) Cantão; além de representantes do Naturatins, Seagro e demais instituições parceiras.



