
O Governo do Tocantins promoveu, nessa segunda-feira, 24, o 1º Encontro Temático de Construção da Igualdade Racial, reunindo gestores públicos, representantes de povos tradicionais, educadores, estudantes e lideranças do movimento negro, no auditório do Palácio Araguaia Governador José Wilson Siqueira Campos. O evento foi realizado em parceria pelas secretarias de Estado da Igualdade Racial (Seir); Povos Originários e Tradicionais (Sepot); e Cultura (Secult).
Com a finalidade de promover o fortalecimento das políticas de igualdade racial, a programação integrou apresentações culturais, debates e a entrega da certificação do Quilombo Burungaba Jacuba, localizado no município de Natividade. A abertura foi marcada por tambores e toques de candomblé; o babalorixá William de Oxóssi, da nação Queto, destacou o papel dos territórios de povos de terreiro como espaços de resistência e reafirmação da cultura negra, reforçando a necessidade de reconhecê-los como manifestações fundamentais no enfrentamento ao racismo. Em seguida, o grupo musical Vozes de Ébano, com a execução o Hino Nacional.
A secretária de Estado da Cultura, Regina Chaves, destacou o papel da Secult na promoção da igualdade racial. “No Brasil, todos os dias deveriam ser de promoção da igualdade racial. A Secretaria de Cultura tem um papel fundamental nessa pauta quando apoia, fomenta e viabiliza as diferentes manifestações culturais que valorizam a cultura do nosso povo.”
Também durante a abertura institucional, a secretária interina da Igualdade Racial, Larissa Rosenda, falou sobre o apagamento histórico que atinge o povo negro. “O povo negro não sabe sua origem devido ao apagamento da nossa história, por isso essa pauta é tão importante”, comentou.
A titular da Sepot, Narúbia Werreria, destacou o protagonismo negro na formação do país. “Essa data desconstrói a narrativa do branco salvador. Este país não é Brasil sem a população negra. Este estado será de oportunidade para todos nós”, acrescentou.
Ao representar o Conselho Estadual de Igualdade Racial, Aires Panda, reforçou a urgência de um projeto educacional que contemple identidade e memória. “Qual tipo de educação queremos para o nosso estado daqui 20, 30, 40 anos? Precisamos criar um modelo de identificação onde nossas crianças se reconheçam e nossa história seja contada e, para isso, precisamos preparar nossas instituições”, destacou.
O evento contou ainda com a presença de estudantes da Escola Estadual Setor Sul e da Escola Estadual Santa Rita de Cássia. O superintendente regional de Ensino, Rawlinson Silva, reforçou a importância do debate sobre equidade racial no ambiente escolar. “O debate fortalece muito o que ocorre dentro das escolas e estarmos aqui celebrando esta temática enaltece o nosso trabalho como educadores dentro da construção de uma sociedade sem racismo”, avaliou.
Educação e debate antirracista
A professora Solange Nascimento ministrou umaulãosobre letramento racial, abordando temas como embranquecimento, racialização do povo preto e conceitos debranquitude. Ela também mencionou a obraA Redenção de Cam, analisando seus significados históricos e sociais.
A mesa unificadaA construção de um Estado e Sociedade Antirracistareuniu representantes de diferentes áreas para discutir desafios estruturais e caminhos possíveis para o enfrentamento ao racismo no Tocantins. Participaram da roda a juíza criminal Renata do Nascimento (Comarca de Paraíso); a liderança quilombola de Natividade, Dona Felisberta Pereira da Silva; o defensor público João Pedro Cerqueira da Silva; o sociólogo e professor Stânio Vieira; o representante do Movimento Negro de Porto Nacional, professor Édson José Barbosa; além de Aires Panda, representando o Conselho Estadual de Igualdade Racial.
Mediado pela jornalista Maju Cotrim, o diálogo abordou relatos pessoais e institucionais sobre as diversas expressões do racismo estrutural e reforçou a necessidade de políticas públicas contínuas que promovam reconhecimento, reparação e equidade.
Apresentação cultural
A apresentação do grupo Vozes de Ébano encerrou o encontro de forma emocionante, reforçando a potência da arte como instrumento de memória e resistência. Com interpretações marcadas pela ancestralidade e pela força da musicalidade afro-brasileira, o grupo levou ao público canções que exaltam a identidade negra, as lutas históricas e a espiritualidade presente nos ritmos tradicionais.
A performance, que já havia marcado a abertura com a execução do Hino Nacional, retornou ao palco com vozes harmonizadas e forte presença cênica, criando um ambiente de celebração e reflexão. O público composto por estudantes, gestores, lideranças e representantes de movimentos sociais acompanhou com atenção e emoção, reconhecendo na apresentação um símbolo de pertencimento e valorização cultural.
Tocantins: A cor da nossa luta
O evento foi resultado da união de forças como uma ação em alusão ao mês da consciência negra, promovendo um espaço de diálogo e debates acerca da necessidade de enfrentamento ao racismo estrutural.



